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Desviados, sem religião e desigrejados

É certo que o aumento de cristãos sem vínculo com uma igreja, bem como a diminuição à frequência em muitas comunidades, é uma das características desse tempo pós-pandemia Covid-19. O tempo de isolamento social e as celebrações exclusivamente on-line, sem dúvida, fortaleceram esse comportamento, mas não foram sua causa.

Os resultados do Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ajudaram a popularizar o termo “sem religião”, sendo a primeira vez que o tema chamou a atenção da sociedade brasileira, incluindo a igreja[1]. Antes, falava-se em “desviados” ou “afastados”, ou seja, pessoas que simplesmente abandonavam a comunhão da igreja. Faziam parte desse grupo tanto os que estavam frios na fé, como os que haviam sido excluídos em um processo de disciplina ou que estavam na prática recorrente de algum pecado considerado grave, ainda que sem exclusão do rol de membros de uma igreja.

Foi somente a partir do Censo de 2010, entretanto, que o termo “sem religião” começou a ganhar força. Pelos dados coletados, os integrantes dessa categoria chegavam a 8% da população brasileira, ou seja, 17 milhões de pessoas. Percebeu-se também, que o grupo era formado, principalmente, por aqueles que haviam deixado a fé cristã evangélica. A pesquisa apontou um acréscimo de 4 milhões de pessoas, em menos de cinco anos, nessa condição – mais do que os componentes de toda uma denominação, como a batista. Semelhantemente à expressão “católico não praticante”, o uso de “evangélico não praticante” começou a se tornar cada vez mais comum, ainda que o número de evangélicos também tenha crescido, no mesmo período.

Mesmo que adaptado das respostas dadas ao Censo e à classificação do IBGE, a expressão “sem religião” inicialmente foi carregada de um conceito negativo, semelhante ao de “desviado” – alguém fora do padrão, principalmente no meio eclesiástico. Já no meio secular, muitas revistas e periódicos seculares avaliaram que o Censo indicava uma mudança comportamental positiva, classificada até como uma “segunda reforma protestante”[2].

É difícil afirmar quando o termo “desigrejado” começou a ser utilizado, mas é certo que ele confirma a interpretação do fenômeno feita nos meios seculares. Há até uma teologia por trás do termo, ou, na melhor das hipóteses, uma certa melhor aceitação da situação, que deixa de ser considerada tão negativa quanto às ideias de “sem igreja” e “desviado”

Apesar de “afastados”, não são “desviados”, pois não há a prática recorrente de pecados considerados graves na eclesiologia atual. Nem eles próprios, nem a igreja, os veem como pessoas sem fé ou de uma teologia herética. São pessoas ocupadas demais, seja pela pesada carga horária de trabalho e estudos, seja pelos cuidados com. São pessoas com dificuldades de transporte, com preocupações relacionadas à segurança nas grandes cidades, enfim… há inúmeros motivos para a falta de assiduidade em uma igreja.

Também estão nesse grupo aqueles que formam a chamada “nova geração”, que herdou o hábito e a tradição de seus pais, mas não a mesma convicção, e que, com a morte dos pais ou a saída da casa deles, não possuem a mesma responsabilidade e compromisso em congregar. Nesse caso, creem como os pais creram, mas não vivem a fé como a que seus pais viveram.

Uma solução proposta é pensar se uma igreja é aquela em que vale a pena ser membro. Essa proposta de solução não é baseada no atender necessidades de pessoas, não é sinônimo de pregar uma “graça barata”, ou de desenvolver um “evangelho agradável ao ouvinte”. Atender necessidades, nessa linha de argumento, é agir de modo a alcançar mais pessoas com o evangelho, baseado numa teologia consistente, mas também com uma eclesiologia que permita a prática desse evangelho. Como um foco em mais que o crescimento da igreja, pode-se pensar na  visão de uma igreja em que valha a pena ser membro, sua liderança e sua estratégia.

Leia mais em “Uma Igreja em que vale a ser membro”, de Milton Monte. Disponível em Uma Igreja em que vale a pena ser membro (livrariamissoesnacionais.org.br)

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[1] O Censo também abordou os chamados “evangélicos não determinados” ou “sem vínculo”, informando que correspondiam a 21,8% de todos os evangélicos. Embora eles estivessem mais para o que seria o conceito de desigrejados na época, os classificados como “sem religião” é que vieram a se tornar no que atualmente denomina-se como desigrejados.

[2] Revista Época, edição de 9 de agosto de 2010.

 

Equipe Jesus Transforma

A Centésima Ovelha