Quem já participou de algum treinamento de evangelismo saiu de lá, geralmente, ou se sentindo muito fraco por não ser capaz de fazer o que o treinador é capaz de fazer, ou disposto a ser igual a ele daquele momento em diante. É muito comum, até mesmo na igreja local, que se faça essa projeção. É um descaso para o fato de que nem todos tem o dom de evangelista, embora tenham a responsabilidade de ser testemunhas, e para o fato de que Deus nos fez pessoas singulares.
A projeção de dons e habilidades normalmente leva a uma evangelização motivada pelo sentimento de culpa e constrangimento emocional. O resultado normalmente é um evangelismo malfeito ou uma acomodação por haver um sentimento de incapacidade.
A verdade é que cada crente pode ser uma testemunha eficiente de Cristo, dentro de seu estilo e vida pessoal.
Você se considera um bom evangelista? Por quê?
Na Bíblia, temos dois conceitos muito importantes: os dons espirituais (uma graça de Deus) e as responsabilidades de cada cristão.
Existe o dom de evangelista (Efésios 4.11) e existe a responsabilidade de ser testemunha (Atos 1.8, 1 Pedro 2.9). Schwarz (1) apresenta uma hipótese, de que cada igreja tem 10% de crentes com o dom de evangelista. Sua experiência como consultor de igreja é muito grande para afirmar isso, mas é possível discordar e fazer uma averiguação prática por si mesmo.
Teste do dom de evangelista (extraído da Rede Ministerial)
Comunico o evangelho com clareza e de modo eficaz?
Procuro, regularmente, oportunidades de construir relacionamentos com descrentes?
Tenho uma maneira de adaptar o evangelho para que seja relevante às necessidades das pessoas?
Convido descrentes a aceitar Cristo como salvador?
Falo abertamente que sou crente e gosto que as pessoas perguntem acerca da minha fé?
Digo aberta e claramente o que Cristo fez por mim?
Procuro oportunidades para conversar com descrentes sobre coisas espirituais?
A intenção de Schwarz ao falar dos 10% é levar a Igreja a valorizar mais as pessoas que tem o dom de evangelista, dando a elas mais liberdade (inclusive de cargos) para que exerçam seu dom. Uma pessoa sem o dom acha difícil ganhar uma pessoa para Cristo por ano; quem tem o dom de evangelismo acha natural e fácil ganhar até mesmo duas pessoas por ano. Assim, o 1+1 não funciona na prática, mas se os 10% agirem ganhando 2 por ano, a igreja dobra de tamanho em 4 a 5 anos:
Os que tem o dom de evangelismo precisam de mais liberdade para exercer seu dom, e os que não o tem precisam ser mais testemunhas em seus relacionamentos, o que todos podem fazê-lo.
Os relacionamentos de cada cristão são fundamentais, pois formam uma rede natural de comunicação, são mais abertos à apresentação do evangelho, permitindo que seja compartilhado com mais espontaneidade e clareza, e, muito importante, providenciam um apoio natural ao novo crente, facilitando a integração na Igreja.
Então, embora nem todos tenham o dom de evangelista, ou as habilidades de evangelistas mais destemidos e impetuosos, todos podem ser evangelistas em suas redes de relacionamento.
(1) SCHWARZ, Christian. Evangelização Básica. Ed. Evangélica Esperança, São Paulo, 2003.
Equipe Jesus Transforma